Antes de iniciarmos este pensamento, vamos voltar no tempo e relembrar um fato muito comum a todos nós quando éramos crianças…
Em uma reunião de família, entre uma conversa e outra, de repente alguém nos fita os olhos e dispara a seguinte pergunta:
O que você quer ser quando crescer?
Lembram-se da resposta? Nós olhávamos para um lado… Para outro… E disfarçadamente procurávamos os olhos de nossos Pais, “âncoras salvadoras” de todos os momentos, e respondíamos:
Como é mesmo o nome do que eu vou ser Pai?
Bem, as respostas vocês podem imaginar… Após alguns segundos os Pais se enchem de orgulho e respondem: Médico, Advogado, Engenheiro… Ou Biólogo, Arquiteto, Professor… Raramente: Chef de Cozinha, Oceanógrafo, Pesquisador…
Embora conscientes, de que o sucesso está intimamente relacionado com o uso das competências inatas, acrescidas de outras adquiridas, não é muito comum os Pais se manifestarem de forma neutra ou demonstrarem firmes propósitos de apoiarem os desejos de seus filhos, independente do “status” ou remuneração que as profissões possam proporcionar.
Partindo desta premissa, chegamos á seguinte conclusão: Para sermos felizes precisamos fazer algo que venha de encontro com as nossas características pessoais e que faça parte dos nossos planos de vida. É claro que Pais, Consultores, Superiores hierárquicos e Mentores nas Organizações têm um papel fundamental neste processo de educação e orientação profissional, porém não podemos responsabilizá-los pela decisão final.
O “gostar do que faz” é o fator fundamental que determina, na maioria das vezes, a diferença entre uma pessoa bem sucedida e outras que se posicionam na média ou na faixa da mediocridade. Vale a pena lembrar que aceitar a média como uma medida normal, significa estar de acordo com a condição de ser uma pessoa que se enquadra entre o pior dos melhores e o melhor dos piores…
Então, considerando que nem sempre as oportunidades surgidas, vêm de encontro com os nossos planos de vida, o que fazer para não cairmos nas malhas da mediocridade ou simplesmente ficar navegando em uma faixa mediana?
Mudamos nosso rumo e vamos atrás do nosso ideal?
Avaliamos as oportunidades que a vida nos oferece , nos adaptamos, aprendemos a gostar da nova situação, e buscamos inovação e excelência em tudo o que fazemos?
Enquadramo-nos às situações, procurando fazer o melhor que podemos, dentro dos nossos limites, com a certeza de que estamos fazendo tudo o que é possível?
Conformamo-nos com o que a vida vos coloca, e realizamos as atividades sem questionamentos procurando assim, “garantir” o nosso pão de cada dia?
Cabe a nós a decisão, seja pelo caminho mais arriscado, mais realista, mais confortável e seguro ou optamos pelo caminho mais fácil… (aparentemente.)
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Das quatro situações, eu diria que a minoria busca a mudança, abrindo mão de segurança, conforto, dinheiro, família e seguem o novo caminho onde as dificuldades são encaradas como desafios. Geralmente deste grupo de pessoas surgem as de grande genialidade, ocupando posições chave nas Organizações… São os empreendedores, pessoas dotadas de grande visão, dinamismo e motivação pessoal para realizar. Mas também podem surgir neste grupo pessoas consideradas idealistas e sonhadoras.
Em um segundo grupo, um pouco mais representativo, se inclui aquelas pessoas que vislumbram o sonho de fazer realmente o que gostam, porém não vendo possibilidade, face às circunstâncias, buscam uma adaptação e permanecem na situação atual avaliando e estudando cada possibilidade de aprendizado e realização dentro das condições que lhes são permitidas. Se automotivam buscando sentido para suas realizações dentro dos seus princípios e valores. Neste grupo encontramos pessoas menos empreendedoras, porém, não menos talentosas que no primeiro grupo. Elas têm o fator inovação como um valor muito alto e possuem grande potencial de crescimento profissional – São realistas, objetivas, pragmáticas – “Pé no chão”!
No terceiro grupo encontramos um grande número de pessoas que buscam conforto e segurança procurando fazer o melhor de si dentro das condições propostas e até arriscando alguns investimentos no campo profissional, desde que tenham a certeza que isso irá contribuir com sua eficiência. Estamos falando das pessoas que estatisticamente se encontram na Média.
E finalmente no quarto grupo encontramos aqueles que encaram o trabalho, acordo com sua origem linguística “tripalium”, onde suas tarefas são consideradas um fardo, uma necessidade, cujo único objetivo é a manutenção de suas necessidades fisiológicas. Não gostam do que fazem, não existindo sentimentos de realização, prazer e felicidade. Neste grupo encontram-se as pessoas, acomodadas e medíocres apresentando um baixo nível de desempenho e interesse em crescer – São os esquecidos! Ou lembrados pelos seus superiores imediatos, nos processos de reestruturação e redução dos quadros funcionais.
Tudo tem um preço e exige uma dose de esforço e investimento…
A primeira situação, ou seja, a mudança de rumo poderá exigir uma transformação radical em nossa vida, envolvendo um novo emprego, uma cidade desconhecida, um país com uma cultura diferente ou ainda novo um estilo de vida.
A segunda alternativa que é o “aprender a gostar do que se faz”, exigirá uma grande dose de dedicação, estudo e renúncia, pois estaremos fazendo algo que não está diretamente relacionado com nossas características pessoais, porém alinhado a planos maiores em termos de valores e princípios éticos. Salientamos que embora seja uma excelente fonte de aprendizado e crescimento pessoal a distância entre o que consideramos ideal e a situação que estamos trabalhando não pode ser muito grande, pois desta forma o efeito desafio que é altamente positivo pode se transformar em frustração pela impossibilidade de realização.
A terceira, por ser uma situação confortável e segura nos leva a acomodação e manutenção da zona de conforto com grandes riscos de estagnação profissional e por que não dizer pessoal exigindo um grande esforço pessoal para deixar de lado o “status quo” e se colocar à prova para novos desafios.
E a quarta situação onde as atividades consideradas obrigações, muitas vezes sem sentido, podem resultar em estagnação profissional ou até mesmo na perda do próprio emprego. As pessoas nestas situações são as que mais precisam de ajuda, as quais pela sua mediocridade muitas vezes não enxergam ou não querem enxergar o que estão fazendo com suas vidas.
O importante neste processo de decisão, independente do método a ser utilizado, é não esquecermos que tudo pode ser negociado, com exceção dos nossos princípios e valores éticos, que são as batutas que regem a nossa conduta como Seres Humanos.
Abaixo listamos alguns exemplos de comportamentos e atitudes de pessoas que gostam ou aprenderam a gostar do que fazem: (Grupo um e dois acima)
- A Segunda Feira não é o pior dia da semana, nem a Terça, nem a Quarta…
- Não há sentimento de alívio no final do expediente e sim uma sensação de realização pelo atingimento de metas alcançadas.
- Não “curte” sentimentos de culpa por não ter conseguido fazer tudo o que havia planejado… Reinicia e vai em frente!
- Os problemas são encarados como desafios e oportunidades de aprendizado, sejam eles nos campos técnicos ou relacionamento interpessoal.
- O Autodesenvolvimento seja através de leituras, cursos, networking, é parte de uma rotina.
- Tem um senso de autocrítica elevado, sem permitir que isso influencie negativamente em sua auto estima.
- Busca excelência em tudo o que realiza e na maioria das vezes faz a diferença.
- Não se importa com o reconhecimento, embora o aprecie como “feedback”, dentro de um processo de desenvolvimento. “Estou no caminho certo?
- Trabalha “duro” sem ser um “Workaholic”, valorizando o tempo e cumprindo o seu dever dentro do horário normal de trabalho. Você é um “Workaholic?
- Não conta nos dedos, os dias que faltam para chegar o final de semana, as férias, a aposentadoria…
- Finalmente, tem prazer em ensinar o que sabe, compartilha experiências e se realiza com o crescimento de outros.
Para finalizarmos esta reflexão, dêem uma lida na parábola abaixo de um autor desconhecido, que nos traz uma mensagem muito interessante sobre o que estamos fazendo de nossas vidas!
O Carpinteiro
Um carpinteiro estava para se aposentar. Ele contou a seu chefe os seus planos de largar o serviço de carpintaria e de construção de casas e viver uma vida mais calma com sua família. O dono da empresa sentiu em saber que perderia um de seus melhores empregados e pediu a ele que construísse uma última casa como um favor especial.
O carpinteiro consentiu, mas com o tempo será fácil ver que seus pensamentos e seu coração não estavam no trabalho. Ele não se empenhou no serviço e se utilizou de mão de obra e matérias primas de qualidade inferior. Foi uma maneira lamentável de encerrar sua carreira.
Quando o carpinteiro terminou seu trabalho, o construtor veio inspecionar a casa e entregou a chave da porta ao carpinteiro.
– Essa é a sua casa. – ele disse. Meu presente a você.
Que choque! Que vergonha! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito completamente diferente, não teria sido tão relaxado. Agora ele teria de morar numa casa feita de qualquer maneira.
Assim acontece conosco. Nos assuntos importantes nós não empenhamos nosso melhor esforço. Então, em choque, nós olhamos para a situação que criamos e vemos que estamos morando na casa que construímos. Se soubéssemos disso, teríamos feito diferente.
Pense em você como o carpinteiro. Pense sobre sua casa. Cada dia você martela um prego novo, coloca uma armação ou levanta uma parede. Construa sabiamente. É a única vida que você construirá. Mesmo que você tenha somente mais um dia de vida, este dia merece ser vivido graciosamente e com dignidade. A placa na parede está escrito: “A vida é um projeto de você mesmo.” Quem poderia dizer isso mais claramente? Sua vida de hoje é o resultado de suas atitudes e escolhas feitas no passado. Sua vida de amanhã será o resultado de suas atitudes escolhas que fizer hoje
Arnaldo Almeida
Professor Universitário e Consultor nas áreas de Liderança, Gestão de Pessoas e Negociação Empresarial
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